História da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vagos

 

Foi no dia 15 de Setembro de 1928 numa dependência da Repartição do Registo Civil na vila de Vagos, onde provisoriamente se instalou a sede da Associação dos Bombeiros Voluntários de Vagos, que se procedeu à discussão e aprovação dos Estatutos que viriam a reger a Associação.

Subscreveram os Estatutos vinte e dois vaguenses, cujas assinaturas foram reconhecidas pelo notário, Dr. António Lúcio Vidal, sendo estes os fundadores da Associação. Nesse mesmo dia e local, foi realizada uma Assembleia Geral, tendo sido nomeados os Sr. Silvério Correia de Melo, Sr. Fernando Silva e Sr. Artur da Graça Trindade, para se constituírem em Comissão Administrativa, foi ainda nomeado o Dr. António Lúcio Vidal, como Presidente da Assembleia Geral, a estes foram atribuídos plenos poderes para comprarem tudo o que fosse necessário para o cabal desempenho da missão para a qual a Associação fora criada. Assim nasceu a Associação de Bombeiros Voluntários de Vagos, tocada pelo ânimo e brio, espírito altruísta e humanitarista, de um punhado de homens, sensibilizados para bem servir a comunidade, nas mais diversas vertentes. O registo da Associação no Governo Civil de Aveiro está datado de 15 de Dezembro de 1928.

Um dos primeiros actos da Comissão Administrativa foi a nomeação do primeiro Comandante, Narciso João Gravato, mas só em Junho de 1929 é que começou a ser ministrada a instrução aos primeiros Bombeiros de Vagos, tendo sido responsáveis pela mesma, Bombeiros oriundos da Companhia de Salvação Pública Guilherme Gomes Fernandes de Aveiro. A par com a formação a Comissão Administrativa, realizou diversas actividades lúdicas, para angariação de fundos tendo contado com o apoio incansável dos vaguenses que residiam em Newark (América do Norte), para adquirir diversos materiais, entre os quais um carro destinado ao transporte de escadas e um carro de “actuação imediata”, constituído por uma bomba braçal. Com Bombeiros quase formados, a Câmara Municipal adapta a antiga escola primária, para aí ser estalado o primeiro quartel dos Bombeiros de Vagos, obra que fica concluída em Maio de 1930.

Os anos foram passando e as dificuldades financeiras começaram a condicionar o apetrechamento do Corpo de Bombeiros e, em Novembro de 1944, a Câmara Municipal toma conta da Associação. O Serviço de Incêndios da Câmara Vaguense era gerido ao tostão e dentro das disponibilidades orçamentais, o que dificultava a acção dos Bombeiros poderem praticar a ajuda ao seu semelhante, em face destes constrangimentos a Câmara delibera na reunião de 10 de Setembro de 1958, a extinção do serviço de incêndios, transferindo para a Associação dos Bombeiros Voluntários de Vagos, todo o material, entre eles um pronto-socorro e o famoso Felinte, que merece da parte dos Bombeiros um carinho muito especial.

Em 1968 é criado no seio do Corpo de Bombeiros o corpo auxiliar feminino que, além de auxiliar nos serviços de enfermagem, condução de viaturas, está ainda habilitado a nível de socorro e transporte de doentes e feridos, bem com uma agradável e graciosa presença em todos os actos solenes e desfiles, como foi o caso da participação das mesmas no desfile do XIX Congresso dos Bombeiros Portugueses, realizado em Aveiro, em 1970.

As bodas de ouro da Associação, comemoradas em 1978, foi um dos pontos altos da vida da Associação, realçando dessa data o louvor atribuído pelo MAI – Ministério da Administração Interna, que “considerando meritória a acção desenvolvida no serviço do bem público e o alto espírito humanitário revelado na defesa das vidas e bens pela aludida Associação”.

Na madrugada de 7 de Julho de 1980, quando os vaguenses dormiam sossegadamente, o fogo atacou os Bombeiros no seu reduto e, com violência inesperada, consumiu grande parte do edifício. Apagar o incêndio na sua própria casa representa uma enorme perda de bens, mas sobretudo de um património histórico, sem resgate possível. Foram consumidos pelas chamas os livros de actas e documentos históricos, tendo assim a sua história ficado mutilada, valendo apenas, numa ou noutra situação, a imprensa escrita que fixou um ou outro momento, bem como a memória dos poucos fundadores a Associação, que ainda eram vivos. Os anos seguintes foram passados, em busca da construção de um quartel com as condições necessárias para melhor executar a tarefa do Corpo de Bombeiros. Com o passar dos anos e os diversos diferendos entre a Associação e a Câmara, no que diz respeito a espaço de implementação do edifício, fizeram com que o processo se arrastasse mais de uma década, e somente em 14 de Dezembro de 1986, se inauguraria o novo edifício que ainda hoje é o seu Quartel-Sede.

A Associação com o passar dos anos foi crescendo, tanto em meios humanos como em meios materiais e a verdade é que muito se deve a todos que foram, com a sua experiência, sabendo solidificar a Associação e o Corpo de Bombeiros, exemplo disso foram as quatro distinções com o Crachá de Ouro pela Liga dos Bombeiros Portugueses.

Em 14 de Dezembro de 2003 a Associação comemora as Bodas de Diamante e é nesta data que, além dos reconhecimentos a entidades e pessoas, edita um livro com a história dos 75 anos da Associação a servir o concelho, da autoria do escritor Armor Pires Mota. Da história da Associação fazem parte dezassete Comandantes: Narciso João Gravato – 1928/35; Artur da Graça Trindade – 1936/44; Fernando Francisco Ferreira – 1944/46; Narciso João Gravato – 1946/49; José Oliveira Fresco – 1940/58; João Batista Ribeiro – 1958/59; António Sérgio de Pinho – 1960/66; Arlindo Osvaldo Pimentel – 1967/70; Samuel Duarte Santos Grande – 1971; Miguel Francisco Sarabando – 1972/76; Eduardo Ferreira Regalado – 1977/83; António Manuel Costa de Castro – 1983/95; Manuel Gonçalves Canha – 1995/96; António Carlos Pinho de Almeida – 1996/99; Carlos Alberto da Silva Gonçalves Mouro – 1999/2005; Ricardo Jorge de Almeida Lopes das Neves Fernandes – 2005/07; e Miguel Ângelo Monteiro de Sá – 2008/até à presente data. Fazem ainda parte da história da Associação treze Presidentes de Direcção: Silvério Correia de Melo – 1928; Duarte Rocha Vidal – 1928/35; Câmara Municipal de Vagos – 1944/58; João Machado Alves – 1958/67; António dos Santos Ferreira Gala – 1967/86; César Augusto Trindade Mesquita – 1986/87; José Amaral Simões Lazaro – 1988/89; António Carlos Maia – 1990/94; Carlos Alberto Soares da Costa Pereira – 1995/98; Ricardo Jorge de Almeida Lopes das Neves Fernandes – 1999/2004; António Manuel Costa de Castro – 2004/07; Paulo Alexandre Lucas Macedo – 2007/10; Ricardo Jorge de Almeida Lopes das Neves Fernandes – 2010/2014; César Manuel da Silva Grave 2014/2017, e Nuno Roberto Rodrigues Moura – 2017/2020 até à data.

Esta Associação sempre colaborou com a Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro, não só como sua associada mas também através dos seus elementos que, nestes últimos anos têm tido uma voz activa na Federação, contribuído para que a mesma se mantenha activa e forte. Um desses elementos foi o Comandante António Manuel Costa de Castro, no período de 1991/1993, que desempenho funções de Presidente da Direcção, deixando este cargo assumiu as funções de Secretário da Mesa da Assembleia Geral de 1993/1995, por fim ocupou o cargo de Vogal da Direcção da Federação, entre 1997/2009. De seguida passou a fazer parte dos órgãos sociais da Federação o Presidente Ricardo Jorge de Almeida Lopes das Neves Fernandes, que assumiu o cargo de Vogal do Conselho Fiscal, de 2000/2003, deixando este cargo assumiu as funções de Tesoureiro da Direcção de 2003/2012, e de Vogal do conselho Fiscal de 2012/2015, por fim ocupa o cargo de Tesoureiro da Federação desde 2015 até à presente data. Por ultimo foi a vez do Comandante Miguel Ângelo Monteiro de Sá assumir funções de Presidente da Mesa de Encontro de Comando e, por inerência do cargo, Vice-Presidente da Direcção da FBDA de 2010/2015.